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Que o “todo” seja pro coletivo, e não só pro “eu”.


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conheça Sofia Nanka Kamatani, especialista em Embalagem Tradicional Japonesa e inspiradora confirmada no Festival Mundial da Criatividade. 

 

Professora, autora e empreendedora digital. Descendente de japoneses, e bastante brasileira. É formada em Desenho Industrial pela Universidade Mackenzie, como designer, sempre esteve conectada com o Japão. É autora de 03 ebooks e cursos online. Fez sua especialização em Kobe sobre Embalagem Tradicional Japonesa e foi líder do Japão no World Creativity Day. Seu ikigai é conectar pessoas através dos nós, através do Furoshiki (arte tradicional da embalagem com tecidos). Mottainai Ecofuroshiki é o ECO do redesign para ressoar e não desperdiçar os conceitos da filosofia do design japonês.

 

Nessa entrevista você conhece mais sobre ela e sobre o Furoshiki - o tecido tradicional de embalagem japonesa.

 

Em que momento a criatividade entrou na sua vida?

 

Meus pais são imigrantes do Japão, eles se conheceram aqui no Brasil. Meus irmãos e eu crescemos sem parentes, então não tive avós, primos e tios. Meu entorno eram os amiguinhos. Crescer sem parentes e convivendo com muitas crianças me transformou em uma moleca que empinava pipa e andava de carrinho de rolimã. Fui também bandeirante, onde você aprende a trabalhar em comunidade, ajudar o outro, erguer acampamento. Aos 10 anos, minha mãe precisou cuidar da minha avó no Japão, que teve um AVC. Então eu passei um tempo lá, sem saber a língua, e tive que aprender a me adaptar. Mudar o mindset o tempo todo estimulou a criatividade em mim. Com a educação dos meus pais e os amigos no entorno tive diversas ferramentas pra encontrar as respostas. 

 

Qual a ideia por trás do design japonês de embalagens?

 

O ideograma da palavra embalar tem origem na imagem da mãe que envolve o feto. Tem também a relação do gesto, da forma como você entrega o presente pra cada pessoa. Pros japoneses, o significado que existe por trás de cada detalhe, de cada gesto, é o que encanta e fascina, e é o que forma também a minha identidade. 

 

O Furoshiki tem um segredo que eu chamo de nó mágico e eu criei essa metodologia com uma ponta vermelha, o coração, e uma ponta azul, a razão, para que as pessoas pudessem aprender o nó através do equilíbrio. Quando você embrulha um presente, ele tem essa representação: eu e você nos conectamos e nos respeitamos. O Furoshiki é o resgate de algo que estava adormecido na casa dos japoneses desde a industrialização e com a chegada das sacolas plásticas. No Período Edo não existiam malas, o único acessório que existia era esse tecido quadrado, e tudo era carregado com ele. O tecido do embrulho pode depois se transformar em sacola, em ecobag. 

 

O design então encontra a sustentabilidade.

 

Em 2006 a ministra do meio ambiente, que é a atual governadora de Tóquio, Yuriko Koike, lançou a campanha Mottainai Furoshiki, com base nos três Rs: reduzir, reutilizar e reciclar. E adicionou outro R, o respeito, ao outro, à natureza, ao futuro, reduzindo o uso de sacolas plásticas que demoram 400 anos pra se decompor. Os nós são sobre o compartilhamento dessa experiência e também dessa responsabilidade. O nó quer dizer: eu preciso de você. A atenção aos detalhes no design japonês evoca o respeito ao outro, à natureza, dentro e fora de casa. É sobre isso que vou falar no Festival. Que o “todo” seja pro coletivo, e não só pro “eu”.

 

Como é o tecido Furoshiki?

 

O Furoshiki é um tecido quadrado e com várias estampas. No Japão o design acompanha as estações do ano. Agora, por exemplo, é tempo das cerejeiras em flor, então elas estão nos tecidos, nos produtos em geral, na gastronomia. É uma forma de celebrar cada estação e também de agradecer à natureza pelo que ela nos dá.