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“Meu foco era criar coisas e destruir coisas.”


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conheça o cineasta Jorge Brivilati, Inspirador confirmado no Festival Mundial da Criatividade

 

“Quanto mais alto teu cargo hierarquicamente, maior é teu dever de estimular as pessoas criativamente.”

Jorge Brivilati é cineasta, fotógrafo e empreendedor. Nasceu na favela, no Rio de Janeiro e veio aos 19 anos para São Paulo. Começou na publicidade muito cedo e passou pelas principais agências de publicidade do país. Ganhador de diversos prêmios na publicidade, como Cannes Lions e Clio, entre outros de cinema. Fundou há 2 anos a Bamboo Stock, primeiro banco de vídeos formado exclusivamente por filmmakers brasileiros. 

A sua trajetória começa com experiências científicas em um laboratório montado em casa, passa por um mergulho no mundo dos softwares de design e chega a uma forma inovadora de trabalhar em equipe na arte essencialmente coletiva: o cinema. 

Ele é um dos inspiradores que estará presente no Festival Mundial da Criatividade. Colabora com a palestra: Como se destacar no audiovisual descobrindo sua própria linguagem. 

 

Conheça agora um pouco da sua trajetória e do seu pensamento sobre o que é ser criativo: 

 

Como a criatividade apareceu na sua vida?

Eu sempre fui muito curioso. Quando criança eu queria ser cientista, trabalhar com física e química. Durante o ensino médio eu fui pra eletrônica, eu já estudava sozinho por correspondência, então quando cheguei no ensino médio já estava bem avançado. Eu já tinha contato com pesquisas em biotecnologia e cheguei a montar um laboratório em casa, tive a felicidade de ter um amigo que fazia todos os vidros laboratoriais pra Fiocruz, então tudo o que ficava imperfeito, eu pegava pra mim. 

Eu nasci na Vila Ipiranga, na favela, e meu pai era professor de português e minha mãe trabalhava como telefonista, então quando ela saía, ele pedia pra eu ficar em casa, e eu ficava fazendo experiências mil. Meu foco era criar coisas e destruir coisas. 

No ensino médio, ainda imaginando que iria pra biologia, eu descobri o design, e um amigo me mostrou como fazer site  html, e aquilo foi pra mim um divisor de águas. Comecei a fazer um curso de informática, e ninguém tinha computador em casa. A professora falou pra gente pegar uma caixa de sapato e desenhar um teclado num papel sulfite pra ficar digitando em casa. Essa é minha história de pobreza. 

Ganhei um curso de Photoshop, acabei estudando várias ferramentas de comunicação, e foi um outro divisor de águas, comecei a estudar design gráfico. Dez meses depois comecei a dar aula de design nesse curso. Fui trabalhar em agências de publicidade e vim pra São Paulo com 19 anos. 

Eu fotografo desde os 7 anos de idade, minha mãe me deu uma câmera pra tirar fotos do meu aniversário, com aqueles filmes de 24 poses. Aqui em São Paulo a fotografia começou a falar mais alto, tão alto que um frame só não era suficiente, eu queria um frame depois do outro. Comecei a estudar cinema e abri uma produtora de filmes. Hoje sou diretor de cena há 11 anos, entre publicidade, longas e séries. 

 

Como você pensa as relações de trabalho no audiovisual?

 

Dentro da publicidade, os criativos são separados do resto da equipe. Então no atendimento, planejamento… ninguém é criativo. Eu acho isso muito errado. Se eles são os criativos, o resto é o quê? 

No audiovisual, eu, como diretor, gosto de trabalhar com todas as áreas colaborando criativamente. Eu digo que o diretor nada mais é do que uma pessoa que faz escolhas baseado no que a equipe apresenta. Quanto mais alto teu cargo hierarquicamente, maior é teu dever de estimular as pessoas criativamente. Para que o fluxo siga de baixo pra cima. A partir do momento que as pessoas se sentem à vontade para falar e pra errar, elas começam a estimular o processo criativo delas. Que nada mais é do que uma torneira de uma casa velha, quando você abre sai um monte de sujeira. É preciso deixar fluir aquilo tudo para que tenha água cristalina. 

 

Conta um pouco sobre a Bamboo Stock?

A Bamboo nasceu de uma necessidade minha como produtor: dar um destino às imagens criadas nos últimos tempos. Cria-se muita coisa em vão, simplesmente pelo view, enquanto existe uma necessidade muito grande do lado do mercado e da comunicação por imagens boas. A Bamboo entra para unir essas duas partes: filmmakers e o mercado. 

E nos bancos de imagens mais conhecidos, as imagens são todas gringas. Então a gente não tem neles a representatividade brasileira. Você não tem a pele preta, até porque o preto daqui não é o preto europeu. Você não tem pessoas gordas, indígenas, em imagens boas, bem feitas nesses bancos. A Bamboo vem pra dizer: temos um banco de vídeos que representam o Brasil em território, em cultura e em raça.